Mesmo sem prorrogação, empresas precisam acelerar adaptação técnica e operacional
A reforma tributária brasileira segue em plena tramitação e não sofreu adiamento — o que coloca o período de 2026 como fase decisiva para empresas que precisam adequar sistemas, processos e governança tributária. Especialistas destacam que o cronograma permanece firme, demandando das organizações mobilização antecipada para evitar riscos de conformidade e custos elevados.
Panorama de implementação
Há consenso de que 2026 será um ano-teste para empresas em que serão operados ajustes, simulações e homologações de sistemas tributários sob o novo modelo. A obrigatoriedade de recolhimento pleno ainda tende a ocorrer em data posterior, o que torna o período atual estratégico para adaptação e mitigação de risco.
Isso significa que entidades empresariais devem tratar o ano como janela de preparação, inclusive com paralelismo de sistemas antigos e novos, revisões de layouts, integrações de ERP e alinhamento entre TI, contabilidade e fiscal.
Principais desafios para empresas
- Adequação de sistemas ERP e fiscais: empresas que utilizam plataformas como SAP ou outras soluções corporativas enfrentam cronograma apertado para ajustes técnicos, homologações, testes de integração e migração de dados.
- Estrutura documental e processos internos: emitir, registrar e validar documentos fiscais sob o novo regime exige mudança de rotina, atualização de lay-outs, reconciliação de créditos/débitos, bem como treinamentos de equipes.
- Governança e aculturação interna: o novo ambiente exige que áreas como fiscal, contabilidade, TI e auditoria trabalhem integradas, com definição clara de responsáveis, controle de projetos e monitoramento de progresso.
- Personalização conforme porte e setor: empresas de grande porte ou com operações internacionais enfrentam ainda maior complexidade técnica; médias e pequenas precisam dimensionar adequações proporcionalmente aos seus volumes e ao seu grau de automação.
Recomendações práticas
- Mapear o impacto: iniciar diagnóstico de quais sistemas, processos e documentos serão afetados pela reforma e identificar gaps, responsáveis e cronograma interno.
- Criar plano de ação por fases: estabelecer roadmap interno para 2026 (teste), 2027 (produção) e além — considerar paralelismo, contingência e recursos de TI.
- Alinhar com fornecedores de tecnologia: software de gestão, fiscal e ERP devem estar prontos para a integração da nova estrutura tributária, com versões de teste, treinamento de usuários e ajuste de fluxos críticos.
- Integrar áreas chave da empresa: fiscal, contabilidade, TI e auditoria devem atuar em conjunto para garantir que requisitos de compliance, sistemas e governança trigarem na transição.
- Antecipar custos e provisões: prever investimentos em tecnologia, treinamento, mudança de sistemas e eventual retrabalho — incorporar no orçamento corporativo para evitar surpresas.
O fato da reforma tributária não sofrer adiamento representa um chamado para a ação das empresas. A janela para adaptação técnica, documental e operacional se abre agora e aquelas que aproveitarem esse período estarão melhor posicionadas para o novo regime. Trata-se de mais do que atualização tributária: é uma mudança estrutural que exige governança, adequação e visão estratégica de longo prazo.